Olhe para o céu

Olhe para o céu

Sou poeira que dança no ventre do tempo, lembrando que nascer de novo é sempre voltar pra mim.

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Sabe aquelas noites em que a cabeça pesa e o peito transborda de perguntas sem resposta? Olhar pro céu nessas horas é quase um instinto. E não, não são só estrelas que piscam lá em cima. É um espelho. Um espelho imenso, infinito, refletindo essa inquietação que mora aqui dentro, essa vontade absurda de ser mais, de quebrar as bordas, de se reinventar.

O universo não para. Nunca. Ele se estica, se estende, cria galáxias, desenha possibilidades, sopra vida onde antes só havia silêncio. E a real é que a gente carrega isso na pele, nos ossos, no sopro. Somos poeira estelar que aprendeu a sentir, a amar, a questionar. Talvez por isso a tal zona de conforto sempre tenha me parecido meio claustrofóbica… como se ficar parado fosse uma traição silenciosa à minha própria natureza.

E quer saber? Não é papo místico, não. É física. Se tudo expande, do micro ao macro, então resistir é meio que desafiar as leis mais básicas do cosmos. Crescer não é só escolha, é instinto de sobrevivência universal.

Tem dias que a mudança vem sutil, quase como brisa atravessando a fresta da janela. E tem outros em que ela arrebenta a porta, derruba as paredes, te obriga a encarar aquilo que você vinha empurrando há meses, talvez anos. O universo também explode estrelas pra depois criar coisas novas, lindas, brilhantes.

A real é que somos células conscientes desse organismo infinito. Cada medo que a gente supera, cada crença que desmorona, cada pedacinho de amor que a gente escolhe dar… tudo isso reverbera lá fora. E aqui dentro. Porque o nosso pequeno e caótico mundinho pessoal é só um reflexo do caos magnífico lá de cima.

No fundo, a vida vive sussurrando convites disfarçados de coincidências, encontros, sinais que a gente finge que não vê. E quando você finalmente aceita esse convite… ah, meu bem, aí não tem mais volta. Você aprende a dançar no meio do desconhecido, aprende que o desconforto é só o espaço sendo aberto pro novo chegar.

No fim das contas, respirar com o cosmos é isso. É entender que crescer não é se perder… é se lembrar. Lembrar que a gente nunca foi feito pra caber.

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Me desfaço em silêncio, me refaço em expansão, porque ser é esse ciclo infinito de perder e encontrar.

Foto em destaque de Greg Rakozy na Unsplash.

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